quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

FELIZ 2011


O ano de 2010 chegou ao fim. Um novo horizonte se aproxima é o novo ano de 2011. Graças a Deus, muitos foram os feitos do Pai Eterno aos seus filhos e, agradecê-lo é a primeira iniciativa de quem é filho. Portanto, faça agora.

Para findar este ano e reunir forças para os novos desafios do ano que se inicia, sugiro alguns pensamentos para ser analizados:

Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas (Apocalipse 4.11).

 

"Nenhum ano será realmente novo se continuarmos a cometer os mesmos erros dos anos velhos." (Autor desconhecido)

O orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no SENHOR prosperará (Proverbios 28.25)

Aquilo que temos o poder de fazer, temos também o poder de não fazer (Aristóteles).

O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo. (Proverbios 28.26).

Uma boa consciência é um travesseiro macio (Anônimo).

 
Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que agimos aleivosamente cada um contra seu irmão, profanando a aliança de nossos pais? (Malaquias 2.10)

Os que deixam a lei louvam o ímpio; porém os que guardam a lei contendem com eles.
Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam ao SENHOR entendem tudo.
Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o de caminhos perversos ainda que seja rico.
O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos desregrados envergonha a seu pai.
O que aumenta os seus bens com usura e ganância ajunta-os para o que se compadece do pobre.
O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável (Provérbios  28.4-9).

Diante de Deus, somos todos igualmente sábios e igualmente tolos (Albert Eintein).

Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias (Eclesiastes 7.29).

Sessenta anos atrás eu sabia tudo, hoje sei que nada sei. A educação é o descobrimento progressivo da nossa ignorância ( William James Durant).

Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena (Provérbios 24.10).
 
Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. (Mahatma Gandhi).
 
O rei que julga os pobres conforme a verdade firmará o seu trono para sempre (Provérbios 29.14).

Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo. Albert Schweitzer

Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito  (Eclesisates 7.8).

Tudo isto provei-o pela sabedoria; eu disse: Sabedoria adquirirei; mas ela ainda estava longe de mim.(Eclesisates 7.23).

O governador que dá atenção às palavras mentirosas, achará que todos os seus servos são ímpios (Provérbios 28.12).
 
Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor (Eclesiastes 7.12).
 
Quem não serve para servir ao próximo não serve para servir a Deus.
 
Cuidado com o que cativas, pois podes tornar-te um transtorno ao teu próximo.
 
Seja sábio, prudente e sincero para ti mesmo e depois para o teu próximo.
 
Um homem sábio é aquele que mantem o equilíbrio em si mesmo, na família, no governo e na sociedade.  
 
Um abraço.
Fique na paz.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Assembleia de Deus e os 100 anos de Pentecostes


"Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas batistas, em Chicago. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com o Espírito Santo. Após uma ampla troca de informações, experiências e idéias, Daniel Berg e Gunnar Vingren descobriram que Deus os estava guiando numa mesma direção, isto é: o Senhor desejava enviá-los com a mensagem do Evangelho a terras distantes, mas nenhum dos dois sabia exatamente para onde seriam enviados. Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar o pastor Vingren em South Bend. Durante aquela visita, quando participavam de uma reunião de oração, o Senhor lhes falou, através de uma mensagem profética, que eles deveriam partir para pregar o evangelho e as bênçãos do avivamento pentecostal. O lugar tinha sido mencionado na profecia: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os dois jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil".

História das Assembléias de Deus no Brasil, Emílio Conde - CPAD

No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era ainda quase que totalmente católico. A origem das Assembléias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do século 20, especialmente na América do Norte. Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva (Atos cap. 2). Assim, eles foram chamados de "pentecostais". Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do reavivamento do século 20 falaram em outras línguas que não as suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas, conversões e curas também aconteceram (Atos cap. 2).

Em 19 de novembro de 1910, os jovens suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg aportaram em Belém, capital do estado do Pará, vindos dos EUA. A princípio, freqüentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia - o falar em línguas estranhas - como a evidência inicial. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos EUA (e também de forma isolada em outros países), principalmente naquelas que eram conduzidas por Charles Fox Parham, mas teve seu apogeu inicial através de um de seus principais discípulos, um pastor negro leigo, chamado William Joseph Seymour, na Rua Azusa, Los Angeles, em 1906.

Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren, chegaram ao Brasil, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As denominações evangélicas existentes na época ficaram bastante incomodadas com a nova doutrina dos missionários, principalmente por causa de alguns irmãos que se mostravam abertos ao ensino pentecostal. Celina de Albuquerque, na madrugada do dia 18 de junho de 1911 foi a primeira crente da igreja Batista de Belém a receber o batismo no Espírito Santo, o que não demorou a ocorrer também com outros irmãos. A nova doutrina trouxe muita divergência naquela comunidade, pois um número cada vez maior de membros curiosos visitava a residência de Berg e Vingren, onde realizavam reuniões de oração. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembléias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os dezenove adeptos do pentecostalismo foram desligados.

Convictos e resolvidos a se organizar, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão da Fé Apostólica. Este foi o primeiro nome dado ao Movimento Pentecostal nos Estados Unidos a partir de 1901 e era também empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo da nova igreja brasileira com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, foi registrada como Assembléia de Deus, em virtude da fundação das Assembléias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas. Em poucas décadas, a Assembléia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

As Assembléia de Deus se expandiram pelo Estado do Pará, alcançaram o Amazonas, propagaram-se para o Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres da população. Chegaram ao Sudeste pelos idos de 1922, através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924, para a então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, através de um folheto evangelístico. Foi ele o precursor do assim conhecido Ministério de Madureira, como veremos adiante.

A influência sueca teve forte peso no início da formação assembleiana brasileira, em razão da nacionalidade de seus fundadores, e graças à igreja pentecostal escandinava, principalmente a Igreja Filadélfia de Estocolmo, que, além de ter assumido nos anos seguintes o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg, enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros em seu papel de fazer crescer a nova Igreja.

Desde 1930, quando se realizou a primeira Convenção Geral dos pastores na cidade de Natal, RN, as Assembléias de Deus no Brasil passaram a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação. Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante. Tal possibilidade se tornou ainda mais real com a divulgação entre o final de 2006 e início de 2007 por um instituto de pesquisa de que, com vinte milhões de fiéis, o Brasil é o maior país pentecostal do mundo.

O que são as Assembléias de Deus?

As Assembléias de Deus são uma comunidade protestante, segundo os princípios da Reformada Protestante pregada por Martinho Lutero, no século 16, contra a Igreja Católica. Cremos que qualquer pessoa pode se dirigir diretamente a Deus baseada na morte de Jesus na cruz. Este é um relacionamento pessoal e significativo com Jesus. Embora sejamos menos formais em nossa adoração a Deus do que muitas denominações protestantes, a Assembléia de Deus se identifica com eles na fundamentação bíblica-doutrinária, com exceção da doutrina pentecostal (Hebreus 4.14-16; 6.20; Efésios 2.18).

As Assembléias de Deus são uma igreja evangélica pentecostal que prima pela ortodoxia doutrinária. Tendo a Bíblia como a sua única regra de fé e prática, acha-se comprometida com a evangelização do Brasil e do mundo, conformando-se plenamente com as reivindicações da Grande Comissão. A doutrina que distingue as Assembléias de Deus de outras igrejas diz respeito ao batismo no Espírito Santo. As Assembléias de Deus crêem que o batismo no Espírito Santo concede aos crentes vários benefícios como estão registrados no Novo Testamento. Estes incluem poder para testemunhar e servir aos outros; uma dedicação à obra de Deus; um amor mais intenso por Cristo, sua Palavra, e pelos perdidos; e o recebimento de dons espirituais (Atos 1.4,8; 8.15-17).

As Assembléias de Deus crêem que quando o Espírito Santo é derramado, ele enche o crente e fala em línguas estranhas como aconteceu com os 120 crentes no Cenáculo, no Dia de Pentecoste. Embora esta convicção pentecostal seja distintiva, as Assembléias de Deus não a têm como mais importante do que as outras doutrinas (Atos 2.4). O seu Credo de Fé realça a salvação pela fé no sacrifício vicário de Cristo, a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais e a bendita esperança na segunda vinda do Senhor Jesus. Consciente de sua missão, as Assembléias de Deus não prevalecem do fato de ter, segundo dados do IBGE (Censo 2000), mais de oito milhões de membros. Apesar de sua força e penetração social, optou por agir profética e sacerdotalmente. Se por um lado, protesta contra as iniqüidades sociais, por outro, não pode descuidar de suas responsabilidades intercessórias.

Fonte: Centenário AD

A fé e o uso da razão


Luís Santana Linhares e Eliel Sampaio*

O relacionamento entre a fé e a razão tem gerado muitas divergências, pois muitos pensadores das mais variadas regiões, culturas e épocas debatem sobre a questão de qual método é uma fonte fidedigna da verdade. Seria a revelação ou a razão o caminho da verdade?
Vamos colocar em apreço a filosofia da “revelação somente”.
Para Kierkegaard (1813-1855), qualquer tentativa racional no sentido de comprovar a existência de Deus é uma ofensa contra Deus, porque ninguém sequer começa a comprovar Deus a não ser que já tenha rejeitado a presença de Deus em sua vida. Kierkegaard assevera que as provas são desnecessárias para os que acreditam em Deus. O filósofo e teólogo existencialista, diga-se de passagem, reconheceu somente como única “prova” do cristianismo, o sofrimento dos cristãos que tomam a sua cruz e segue a Jesus.
Karl Barth, contemporâneo de Kierkegaard, sustentava que todas as tentativas de se chegar a Deus mediante a razão eram fúteis e, declarou em um de seus livros que a razão não tem a capacidade ativa nem passiva para a revelação divina; Deus teria de dar sobrenaturalmente a capacidade de entender sua revelação, assim como dá a própria revelação.
Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa, “razão” é a faculdade de avaliar, julgar e ponderar idéias universais; estabelecer relações lógicas de raciocinar.
O Apóstolo Paulo falou do culto racional (Rm 12.1). A raiz desse termo, no original grego, vem da palavra “logos”, que significa o princípio divino da razão universal. Aqui não é dada a idéia simples de racionalidade; de razoabilidade humana, mas provada [testada] pela renovação da mente.
A palavra “provar”, segundo o dicionário Aurélio é aquilo que atesta a veracidade ou autenticidade de algo; ato que atesta uma intenção ou sentimento.
O Apóstolo Pedro, falando aos dispersos, disse: “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.7). No grego, o primeiro substantivo abstrato é “dokimion”. Este termo pode significar “teste”, “prova”, sendo assim a provação mesma se torna preciosa, devido a seus gloriosos resultados, isto é, a revelação de Jesus Cristo.
Deus pôs Abraão à prova (Gn 22) [com a lucidez de arrazoar sobre a ética e a moral] não com a intenção de receber seu filho Isaque como sacrifício, mas para que a razão outorgada a Abraão pudesse servir de teste naquela ocasião. Abraão foi provado com a razão; certamente avaliou, julgou e ponderou em suas idéias, mas creu contra a esperança e foi até o momento em que O Anjo do Senhor bradou “Abraão, Abraão não estenda a mão sobre o menino”.
Pedro disse que sempre deveríamos está prontos para respondermos com mansidão e temor, a quem nos pedir a razão da nossa esperança (1Pe 3.15). Seremos inquiridos a fazer a apologia da nossa fé em meio às perseguições, isto é, a defesa da fé. Compete então a todo cristão que este seja versado no tocante aos fundamentos da sua fé, logo usaremos a razão.
Assim como “Deus é”, a “fé é” e a razão testa a fé, servindo-a, consubstanciando-a, trazendo convicção de coisas invisíveis.
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1). Deus é imutável e a razão é passiva de mudança.

* Acadêmicos do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Positivismo de Auguste Comte



Características Gerais do Positivismo

Ao idealismo da primeira metade do século XIX se segue o positivismo, que ocupa, mais ou menos, a segunda metade do mesmo século, espalhado em todo o mundo civilizado. O positivismo representa uma reação contra o apriorismo, o formalismo, o idealismo, exigindo maior respeito para a experiência e os dados positivos. Entretanto, o positivismo fica no mesmo âmbito imanentista do idealismo e do pensamento moderno em geral, defendendo, mais ou menos, o absoluto do fenômeno. "O fato é divino", dizia Ardigò. A diferença fundamental entre idealismo e positivismo é a seguinte: o primeiro procura uma interpretação, uma unificação da experiência mediante a razão; o segundo, ao contrário, quer limitar-se à experiência imediata, pura, sensível, como já fizera o empirismo. Daí a sua pobreza filosófica, mas também o seu maior valor como descrição e análise objetiva da experiência - através da história e da ciência - com respeito ao idealismo, que alterava a experiência, a ciência e a história. Dada essa objetividade da ciência e da história do pensamento positivista, compreende-se porque elas são fecundas no campo prático, técnico, aplicado.

Além de ser uma reação contra o idealismo, o positivismo é ainda devido ao grande progresso das ciências naturais, particularmente das biológicas e fisiológicas, do século XIX. Tenta-se aplicar os princípios e os métodos daquelas ciências à filosofia, como resolvedora do problema do mundo e da vida, com a esperança de conseguir os mesmos fecundos resultados. Enfim, o positivismo teve impulso, graças ao desenvolvimento dos problemas econômico-sociais, que dominaram o mesmo século XIX. Sendo grandemente valorizada a atividade econômica, produtora de bens materiais, é natural se procure uma base filosófica positiva, naturalista, materialista, para as ideologias econômico-sociais.

Gnosiologicamente, o positivismo admite, como fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos positivos, os dados sensíveis. Nenhuma metafísica, portanto, como interpretação, justificação transcendente ou imanente, da experiência. A filosofia é reduzida à metodologia e à sistematização das ciências. A lei única e suprema, que domina o mundo concebido positivisticamente, é a evolução necessária de uma indefectível energia naturalista, como resulta das ciências naturais.

Dessas premissas teoréticas decorrem necessariamente as concepções morais hedonistas e utilitárias, que florescem no seio do positivismo. E delas dependem, mais ou menos, também os sistemas político-econômico-sociais, florescidos igualmente no âmbito natural do positivismo. Na democracia moderna - que é a concepção política, em que a soberania é atribuída ao povo, à massa - a vontade popular se manifesta através do número, da quantidade, da enumeração material dos votos (sufrágio universal). O liberalismo, que sustenta a liberdade completa do indivíduo - enquanto não lesar a liberdade alheia - sustenta também a livre concorrência econômica através da lida mecânica, do conflito material das forças econômicas. Para o socialismo, enfim, o centro da vida humana está na atividade econômica, produtora de bens materiais, e a história da humanidade é acionada por interesses materiais, utilitários, econômicos (materialismo histórico), e não por interesses espirituais, morais e religiosos.

O positivismo do século XIX pode semelhar ao empirismo, ao sensismo (e ao naturalismo) dos séculos XVII e XVIII, também pelo país clássico de sua floração (a Inglaterra) e porquanto reduz, substancialmente, o conhecimento humano ao conhecimento sensível, a metafísica à ciência, o espírito à natureza, com as relativas conseqüências práticas. Diferencia-se, porém, desses sistemas por um elemento característico: o conceito de vir-a-ser, de evolução, considerada como lei fundamental dos fenômenos empíricos, isto é, de todos os fatos humanos e naturais. Tal conceito representa um equivalente naturalista do historicismo romântico da primeira metade do século XIX, com esta diferença, entretanto, que o idealismo concebia o vir-a-ser como desenvolvimento racional, teológico, ao passo que o positivismo o concebe como evolução, por causas. Através de um conflito mecânico de seres e de forças, mediante a luta pela existência, determina-se uma seleção natural, uma eliminação do organismo mais imperfeito, sobrevivendo o mais perfeito. Daí acreditar o positismo firmemente no progresso - como nele já acreditava o idealismo. Trata-se, porém, de um progresso concebido naturalisticamente, quer nos meios quer no fim, para o bem-estar material.

Mas, como no âmbito do idealismo se determinou uma crítica ao idealismo, igualmente, no âmbito do positivismo, a única realidade existente, o cognoscível, é a realidade física, o que se pode atingir cientificamente. Portanto, nada de metafísica e filosofia, nada de espírito e valores espirituais. No entanto, atinge a ciência fielmente a sua realidade, que é a experiência? E a ciência positivista é pura ciência, ou não implica uma metafísica naturalista inconsciente e, involuntariamente, discutível pelo menos tanto quanto a metafísica espiritualista? Nos fins do século passado e nos princípios deste século se determina uma crise interior da ciência mecaniscista, ideal e ídolo do positivismo, para dar lugar a outras interpretações do mundo natural no âmbito das próprias ciências positivas. Daí uma revisão e uma crítica da ciência por parte dos mesmos cientistas, que será uma revisão e uma crítica do positivismo.

Nessa crítica e vitória sobre o positivsmo, pode-se distinguir duas fases principais: uma negativa, de crítica à ciência e ao positivismo; outra positiva, de reconstrução filosófica, em relação com exigências mais ou menos metafísicas ou espiritualistas.

Auguste Comte - Vida e Obras

Estudante da Politécnica aos 16 anos, Comte é nomeado em 1832 explicador de análise e de mecânica nessa mesma escola e, depois, em 1837, examinador de vestibular. Ver-se-á retirado desta última função em 1844 e de seu posto de explicador em 1851. Apesar de seus reiterados pedidos, não obterá o desejado cargo de professor da Politécnica, nem mesmo a cátedra de história geral das ciências positivas no Collège de France, que quisera criar em benefício próprio. A obra de Comte guarda estreitas relações com os acontecimentos de sua vida. Dois encontros capitais presidem as duas grandes etapas desta obra. Em 1817, ele conhece H. de Saint-Simon: O Organizador, o Sistema Industrial, e concebe, a partir daí, a criação de uma ciência social e de uma política científica. Já de posse, desde 1826, das grandes linhas de seu sistema, Comte abre em sua casa, rua do Faubourg Montmartre, um Curso de filosofia positiva - rapidamente interrompido por uma depressão nervosa - (que lhe vale ser internado durante algum tempo no serviço de Esquirol). Retoma o ensino em 1829. A publicação do Curso inicia-se em 1830 e se distribui em 6 volumes até 1842. Desde 1831 Comte abrirá, numa sala da prefeitura do 3.° distrito, um curso público e gratuito de astronomia elementar destinado aos "operários de Paris", curso este que ele levaria avante por sete anos consecutivos. Em 1844 publica o prefácio do curso sob o título: Discurso dobre o espírito positivo.

É em outubro de 1844 que se situa o segundo encontro capital que vai marcar uma reviravolta na filosofia de Augusto Comte. Trata-se da irmã de um de seus alunos, Clotilde de Vaux, esposa abandonada de um cobrador de impostos (que fugira para a Bélgica após algumas irregularidades financeiras). Na primavera de 1845, nosso filósofo de 47 anos declara a esta mulher de 30 seu amor fervoroso. "Eu a considero como minha única e verdadeira esposa não apenas futura, mas atual e eterna". Clotilde oferece-lhe sua amizade. É o "ano sem par" que termina com a morte de Clotilde a 6 de abril de 1846. Comte sente então sua razão vacilar, mas entrega-se corajosamente ao trabalho. Entre 1851 e 1854 aparecem os enormes volumes do Sistema de política positiva ou Tratado de sociologia que intitui a religião da humanidade. O último volume sobre o Futuro humano prevê uma reformulação total da obra sob o título de Síntese Subjetiva. Desde 1847 Comte proclamou-se grande sacerdote da Religião da Humanidade. Institui o "Calendário positivista" (cujos santos são os grandes pensadores da história), forja divisas "Ordem e Progresso", "Viver para o próximo"; "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", funda numerosas igrejas positivistas (ainda existem algumas como exemplo no Brasil). Ele morre em 1857 após ter anunciado que "antes do ano de 1860" pregaria "o positivismo em Notre-Dame como a única religião real e completas".

Comte partiu de uma crítica científica da teologia para terminar como profeta. Compreende-se que alguns tenham contestado a unidade de sua doutrina, notadamente seu discípulo Littré, que em 1851 abandona a sociedade positivista. Littré - autor do célebre Dicionário, divulgador do positivismo nos artigos do Nacional - aceita o que ele chama a primeira filosofia de Augusto Comte e vê na segunda uma espécie de delírio político-religioso, inspirado pelo amor platônico do filósofo por Clotilde.

Todavia, mesmo se o encontro com Clotilde deu à obra do filósofo um novo tom, é certo que Comte, já antes do Curso de filosofia positiva (e principalmente em seu "opúsculo fundamental" de 1822), sempre pensou que a filosofia positivista deveria terminar finalmente em aplicações políticas e nas fundação de uma nova religião. Littré podia sem dúvida, em nome de suas próprias concepções, "separar Comte dele mesmo". Mas o historiador, que não deve considerar a obra com um julgamento pessoal, pode considerar-se autorizado a afirmar a unidade essencial e profunda da doutrina de Comte.(¹)

(¹) Comte, afirmando vigorosamente a unidade de seu sistema, reconhece que houve duas carreiras em sua vida. Na primeira, diz ele sem falsa modéstia, ele foi Aristóteles e na segunda será São Paulo.

A Lei dos Três Estados

A filosofia da história, tal como a concebe Comte, é de certa forma tão idealista quanto a de Hegel. Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Como Hegel ainda, Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história. O espírito não poderia conhecer-se interiormente (Comte rejeita a introspecção, porque o sujeito do conhecimento confunde-se com o objeto estudado e porque pode descobrir-se apenas através das obras da cultura e particularmente através da história das ciências. A vida espiritual autêntica não é uma vida interior, é a atividade científica que se desenvolve através do tempo. Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da história do espírito através das ciências".

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) O estado teológico ou "fictício" explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa (a tempestade, por exemplo, será explicada por um capricho do deus dos ventos, Eolo). Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo.

b) O estado metafísico substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, por exemplo, será explicada pela "virtude dinâmica"do ar (²). Este estado é no fundo tão antropomórfico quanto o primeiro ( a natureza tem "horror" do vazio exatamente como a senhora Baronesa tem horror de chá). O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação dita teológica ou metafísica é uma explicação ingenuamente psicológica. A explicação metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de 1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.

c) O estado positivo é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de nossa expeirência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros. Tal concepção do saber desemboca diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo. ("Ciência donde previsão, previsão donde ação").

Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

(²) São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma".

A Classificação das Ciências
As ciências, no decurso da história, não se tornaram "positivas" na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à célebre classificação: matemáticas, astronomia, física, química, biologia, sociologia.

Das matemáticas à sociologia a ordem é a do mais simples ao mais complexo, do mais abstrato ao mais concreto e de uma proximidade crescente em relação ao homem.

Esta ordem corresponde à ordem histórica da aparição das ciências positivas. As matemáticas (que com os pitagóricos eram ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número), constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva (elas são, aliás, para Comte, antes um instrumento de todas as ciências do que uma ciência particular). A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a física espera o século XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da química vem no século XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no século XIX. O próprio Comte acredita coroar o edifício científico criando a sociologia.

As ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas. De saída, os objetos das ciências dependem uns dos outros. Os seres vivos estão submetidos não só às leis particulares da vida, como também às leis mais gerais, físicas e químicas de todos os corpos (vivos ou inertes). Um ser vivo está submetido, como a matéria inerte, às leis da gravidade. Além disso, os métodos de uma ciência supõem que já sejam conhecidos os das ciências que a precederam na classificação. É preciso ser matemático para saber física. Um biólogo deve conhecer matemática, física e química. Entretanto, se as ciências mais complexas dependem das mais simples, não poderíamos deduzi-las de, nem reduzi-las a estas últimas. Os fenômenos psicoquímicos condicionam os fenômenos biológicos, mas a biologia não é uma química orgânica. Comte afirma energicamente que cada etapa da classificação introduz um campo novo, irredutível aos precedentes. Ele se opõe ao materialismo que é "a explicação do superior pelo inferior".

Nota-se, enfim, que a psicologia não figura nesta classificação. Para Comte o objeto da psicologia pode ser repartido sem prejuízo entre a biologia e a sociologia.

A Humanidade

A última das ciências que Comte chamara primeiramente física social, e para a qual depois inventou o nome de sociologia reveste-se de importância capital. Um dos melhores comentadores de Comte, Levy-Bruhl, tem razão de sublinhar: "A criação da ciência social é o momento decisivo na filosofia de Comte. Dela tudo parte, a ela tudo se reduz". Nela irão se reunir o positivismo religioso, a história do conhecimento e a política positiva. É refletindo sobre a sociologia positiva que compreenderemos que as duas doutrinas de Comte são apenas uma. Enfim, e sobretudo, é a criação da sociologia que, permitindo aquilo que Kant denominava uma "totalização da experiência", nos faz compreender o que é, para Comte, fundamentalmente, a própria filosofia.

Comte, ao criar a sociologia, a sexta ciência fundamental, a mais concreta e complexa, cujo objeto é a "humanidade", encerra as conquistas do espírito positivo: como diz excelentemente Gouhier - em sua admirável introdução ao Textos Escolhidos de Comte, publicados por Aubier - "Quando a última ciência chega ao último estado, isso não significa apenas o aparecimento de uma nova ciência. O nascimento da sociologia tem uma importância que não podia ter o da biologia ou o da física: ele representa o fato de que não mais existe no universo qualquer refúgio para os deuses e suas imagens metafísicas. Como cada ciência depende da precedente sem a ela se reduzir, o sociólogo deve conhecer o essencial de todas as disciplinas que precedem a sua. Sua especialização própria se confunde, pois - diferentemente do que se passa para os outros sábios - com a totalidade do saber. Significa dizer que o sociólogo é idêntico ao próprio filósofo, "especialista em generalidades", que envolve com um olhar enciclopédico toda a evolução da inteligência, desde o estado teológico ao estado positivo, em todas as disciplinas do conhecimento. Comte repudia a metafísica, mas não rejeita a filosofia concebida como interpretação totalizante da história e, por isto, identificação com a sociologia, a ciência última que supõe todas as outras, a ciência da humanidade, a ciência, poder-se-ia dizer em termos hegelianos, do "universal concreto".

O objeto próprio da sociologia é a humanidade e é necessário compreender que a humanidade não se reduz a uma espécie biológica: há na humanidade uma dimensão suplementar - a história - o que faz a originalidade da civilização (da "cultura" diriam os sociólogos do século XIX). O homem, diz-nos Comte, "é um animal que tem uma história". As abelhas não têm história. Aquelas de que fala Virgílio nas Geórgicas comportavam-se exatamente como as de hoje em dia. A espécie das abelhas é apenas a sucessão de gerações que repetem suas condutas instintivas: não há, pois, num sentido estrito, sociedades animais, ou ao menos a essência social dos animais reduz-se à natureza biológica. Somente o homem tem uma história porque é ao mesmo tempo um inventor e um herdeiro. Ele cria línguas, instrumentos que transmitem este patrimônio pela palavra, e, nos últimos milênios, pela escrita às gerações seguintes que, por sua vez, exercem suas faculdades de invenção apenas dentro do quadro do que elas receberam. As duas idéias de tradição e de progresso, longe de se excluírem, se completam. Como diz Comte, Gutemberg ainda imprime todos os livros do mundo, e o inventor do arado trabalha, invisível, ao lado do lavrador. A herança do passado só torna possíveis os progressos do futuro e "a humanidade compõe-se mais de mortos que de vivos".

Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas, isto é, fazer provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família (educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material).

A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do estado militar ao industrial na ordem prática - do estado de egoísmo ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo universal, "planetário". A sociedade positiva terá, exatametne como a sociedade cristã da Idade Média, seu poder temporal (os industriais e os banqueiros) e seu pdoer espiritual (³) (os sábios, principalemtne os sociólogos, que terão, à sua testa, o papa positivista, o Grão-Sacerdote da Humanidade, isto é, o próprio Augusto Comte).

Vê-se que é sobre a sociologia que vem articular a mudança de perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A sociologia, cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas positivas, transforma-se-á na política que guiará as outras ciências, "regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da "humanidade", a sociologia regerá todas as ciências, proibindo, por exemplo, as pesquisas inúteis. (Para Comte, o astrônomo deve estudar somente o Sol e a Lua, que estão muito próximos de n'so, para ter uma influência sobre a terra e sobre a humanidade e interditar-se aos estudos politicamente estéreis dos corpos celestes mais afastados!!) Compreende-se que esta "síntese subjetiva", integrando-se inteiramente no sistema de Comte, tenha desencorajado os racionalistas que de saída viram no positivismo uma apologia do espírito científico!

A religião positiva substitui o Deus das religiões reveladas pela própria humanidade, considerada como Grande-Ser. Este Ser do qual fazemos parte nos ultrapassa entretanto - pelo gênio de seus grandes homens, de seus sábios aos quais devemos prestar culto após a morte (esta sobrevivência na veneração de nossa memória chama-se "imortalidade subjetiva"). A terra e o ar - meio onde vive a humanidade - podem, por isso mesmo, ser objeto de culto. A terra chamar-se-á o "Grande-Fetiche". A religião da humanidade, pois, transpõe - ainda mais que não as repudia - as idéias e até a linguagem da crenças anteriores. Filósofo do progresso, Comte é também o filósofo da ordem. Herdeiro da Revolução, ele é, ao mesmo tempo, conservador e admirador da bela unidade dos espíritos da Idade Média. Compreende-se que ele tenha encontrado discípulos tanto nos pensadores "de direita" como nos "de esquerda".

(³) Comte rejeita como metafísica a doutrina dos direitos do homem e da liberdade. Assim como "não há liberdade de consciência em astronomia", assim uma política verdadeiramente científica pode impor suas conclusões. Aqueles que não compreenderem terão que se submeter cegamente (esta submissão será o equivalente da fé na religião positivista).

Fonte: O Positivismo de Auguste Comte

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A Revelação Somente

Por Diego Cavalcante Rey* e Pr. Evandro Ferreira Lopes*.


Certo dia vi-me em uma situação deveras difícil. Ao chegar em um local público (Studio de gravações) deparei-me com dois conhecidos lendo avidamente a Bíblia; ao esperar meu atendimento, acabei (feliz ou infelizmente, Deus é que o sabe) tecendo um comentário simplório que contudo, aos olhos deles, soou como que um enaltecimento a classe teológica, ou melhor, a teologia; O que meus irmãos, confesso, me pegou de “calças curtas”. Senti-me como um torcedor São Paulino no meio da torcida Corinthiana perdendo o jogo em um dia de clássico. Fui bombardeado por dois conhecedores profundos da Bíblia (e falo daqueles que a conhecem de cabo a rabo, citando versículos que confirmam seus pensamentos, como balas de uma metralhadora) que com exaltações, e tenho que concordar, com embasamento Bíblico, perfuraram-me com suas balas voltadas para um único alvo: Provar que Deus nos quer mostrar a verdade do Evangelho de Cristo através de revelações diretas Deus-Homem e que o Homem não tem fé (e pasmem meus queridos leitores, para eles Silas Malafaia não tem fé, visto que estudou muito ao invés de crer que Deus podia lhe revelar seus mistérios somente na Bíblia) quando procura outro homem para lhe passar os conhecimentos Bíblicos, que segundo eles, só podem ser desvendados e repassados por Deus. Ainda, Deus nos quer mostrar todo o conhecimento, dar-nos esta faculdade, entretanto devemos busca-lo e dar lugar para que ele se revele. Por conseguinte, segundo meus “acusadores” (falo isso por ser um aspirante a Teólogo), todo aquele que procura estudar com homens ofende a Deus, tirando assim toda glória que seria de Deus e as dando a homens. Ainda ouvi mais, que a Teologia, é a implantação de culturas e pensamentos Gregos no Cristianismo, e que esses autores, filósofos, pensadores, teólogos, etc... já foram lidos por eles, mas hoje não o fazem mais, porque Deus o revela diretamente tudo na Bíblia.

Se os mesmo conhecem alguns desses filósofos saberiam que eles não são os primeiros a pensar dessa maneira, que Kierkegaard no século XIX já defendia com unhas e dentes procurar provas é uma ofensa a Deus, dentre outros pensamentos pertinentes ao contexto. E que Karl Barth (um dos Teólogos mais famosos da igreja contemporânea – Teólogos, isso mesmo, aqueles a quem eles condenam) também ostentava a bandeira de que Deus não pode ser conhecido, senão pela revelação divina, somente.

Não queremos, neste momento, concordar ou discordar de meus nobres amigos ou com os filósofos e teólogos citados no parágrafo acima. Queremos apenas deixar-lhes algo para pensarem, quem está certo? Estes que defendem avidamente a Revelação somente ou aqueles que defendem a Razão apenas, ou ambos?

A paz de Cristo seja convosco!


* Acadêmico do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Fé e Razão – Crítica sobre o ponto “A razão Somente”

Ao se tratar das questões filosóficas e levando em conta sua importância na tentativa de responder as argumentações mais difíceis do homem a cerca de Deus, sobretudo, como relacionar a Fé com a razão, faremos uma analise da “razão somente” a luz da Bíblia.

Filósofos como Emanuel Kant e Benedito Spinoza alegavam que toda verdade pode ser descoberta pela razão humana, que nada pode ser conhecido de modo algum pela revelação. Alegavam que a razão pratica (moral) exige que vivamos “como se existisse um Deus”, exige que vivamos “como os milagres não ocorressem”, abrindo mão de pilares da fé cristã, os milagres e a ressurreição de Cristo. Concluíram por tanto, que há apenas uma “substancia” no universo, da qual todas as coisas, inclusive todos os homens, são meros modos ou momentos. Spinoza afirmava que “um milagre”... é coisa meramente absurda”...” podemos portanto, ter absoluta certeza de que todo evento que é corretamente descrito na Escritura necessariamente aconteceu, de acordo com as leis naturais.”
O que esses homens racionalistas não racionalizaram é que, em quanto aos milagres é perfeitamente aceitável que um vento muito forte tenha partido as águas do mar Vermelho, a questão é sustentar essas águas em seu devido lugar servindo de muralha para passar dois milhões de pessoas aproximadamente de crianças, jovens e velhos sem que essas águas voltassem ao seu curso natural (Ex. 14.21-29). Passar quarentas anos no deserto é pouco para um beduíno que vive mais de cem anos em pleno Saara, passar quarenta anos sem precisar mudar um par de sandálias ou uma muda de roupas, pois, as mesmas cresciam juntamente com quem as usavam isso é milagre, (Det. 29.5). Quanto ao universo ser apenas uma “única substancia”, também seria admissível se este se resumisse somente ao planeta terra (Jo. 1.3) e então poderíamos desconsiderar a revelação de Genesis capitulo primeiro. A ressurreição de Cristo não teria ocorrido se Ele mesmo não tivesse aparecido aos apóstolos, “Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.” (Jo. 20. 27).

“Racionalizar um Deus Tão Grande sem a revelação Divina é tentar fazer uma nace espacial decolar sem combustível”


ANTONIO RAIMUNDO PEREIRA DOS SANTOS e ELIELMA SAMPAIO DE OLIVEIA (Acadêmicos do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel).

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Revelação e a Razão

A busca do homem pelo significado da vida tem dado origem a várias abordagens filosóficas que tentam responder a questões concernentes a origem, propósito e destino do homem. As respostas contraditórias a estas questões revelam o fracasso da razão humana. Quando o apóstolo Paulo visitou a cidade de Atenas, ele teve oportunidade para oferecer uma abordagem alternativa. Paulo declarou que o homem podia conhecer as respostas para as questões mais difíceis da vida, não olhando para dentro, mas através da revelação.

Tomás de Aquino não acreditava numa separação irreconciliável entre aquilo que nos diz a fé cristã, de um lado, e a razão, de outro. No entanto, para ele, a fé não está em pé de igualdade com a razão, mas está acima dela.

Com a razão podemos sem dúvida, avançar muito na sabedoria metafísica acerca de Deus. Podemos por exemplo, conhecer que Deus existe que Deus é um, simples, infinito, e outras verdades semelhantes. Pois bem: nem tudo o que sabemos acerca de Deus o sabemos pela via da razão natural. Também temos sobre Deus conhecimentos "que excedem toda faculdade de razão humana". São os conhecimentos que Deus mesmo nos deu de si próprio na sua revelação. A situação de fato é, pois, a seguinte: "conhecemos algo" de Deus por razão natural; "não conhecemos tudo" de Deus por razão natural; "conhecemos algo" de Deus por revelação. Mesmo quando se pede ajuda à razão, será ainda a revelação que se firmará como critério último e definitivo de verdade no conhecimento.

A fé ambiciona compreender. Tomás de Aquino ensina que a Teologia, embora seja exercício da fé que busca sua inteligência e onde a razão tem lugar assegurado, é, sobretudo, experiência de Deus. Para o pensar teológico, de nada vale uma razão potente e soberba que não reconheça a Fonte de onde emana todo saber e toda verdade.

Como Aquino, tantos outros pensadores pensaram com fé e pensaram a fé. Por exemplo, Newton também dizia: "há um ser inteligente e poderoso que governa todas as coisas, não como a alma do mundo, mas como Senhor do Universo, e, por causa do seu domínio é chamado Senhor Deus, Pantocrator".

Não basta, pois, a razão para que uma sociedade seja justa, solidária e equilibrada. Para que haja equilíbrio na pessoa e na sociedade, é preciso atender, com a razão, à vontade e à sensibilidade. A pessoa e a sociedade devem ter por objetivo procurar o bem, a verdade e a beleza; e isso significa falar de vontade, inteligência e sentimentos, e aí, a verdadeira fé é um guia insubstituível.
Assim, ao desassombro da fé deve corresponder a audácia da razão.


JOÃO BATISTA e MICHELLE MELO (Acadêmicos do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Revelação Somente

Segundo Kierkegaard, a mente humana é totalmente incapaz de descobrir qualquer verdade divina, somente a revelação pode ser considerada uma fonte legítima de conhecimento do homem. Já que a razão humana não é digna de confiança, pois o homem caído desconsidera Deus e o rejeita tornando impossível conhecê-lo, a verdade divina pode ser conhecida somente por aquilo que Kierkegaard chamava ?um salto da fé?, Barth era enfático no sentido de a mente humana não ter capacidade alguma para conhecer a Deus. O Próprio Deus tem de dar sobrenaturalmente a capacidade de entender sua revelação, assim como dá a própria revelação.
Crítica: se a mente humana não tem capacidade de conhecer Deus, logo por que seria ele julgado? Mas o homem pela razão e consciência tem sim o conhecimento de Deus.
Por que os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpável. Porquanto, tendo o conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus... Rom 1:20,21ª
Os demais conhecimentos de Deus que fogem a razão humana são entendidos pela fé e pela revelação Divina.

Lauro Batista de Quadros e João da Silva Brito (Acadêmicos do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel)