quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Revelação e a Razão

A busca do homem pelo significado da vida tem dado origem a várias abordagens filosóficas que tentam responder a questões concernentes a origem, propósito e destino do homem. As respostas contraditórias a estas questões revelam o fracasso da razão humana. Quando o apóstolo Paulo visitou a cidade de Atenas, ele teve oportunidade para oferecer uma abordagem alternativa. Paulo declarou que o homem podia conhecer as respostas para as questões mais difíceis da vida, não olhando para dentro, mas através da revelação.

Tomás de Aquino não acreditava numa separação irreconciliável entre aquilo que nos diz a fé cristã, de um lado, e a razão, de outro. No entanto, para ele, a fé não está em pé de igualdade com a razão, mas está acima dela.

Com a razão podemos sem dúvida, avançar muito na sabedoria metafísica acerca de Deus. Podemos por exemplo, conhecer que Deus existe que Deus é um, simples, infinito, e outras verdades semelhantes. Pois bem: nem tudo o que sabemos acerca de Deus o sabemos pela via da razão natural. Também temos sobre Deus conhecimentos "que excedem toda faculdade de razão humana". São os conhecimentos que Deus mesmo nos deu de si próprio na sua revelação. A situação de fato é, pois, a seguinte: "conhecemos algo" de Deus por razão natural; "não conhecemos tudo" de Deus por razão natural; "conhecemos algo" de Deus por revelação. Mesmo quando se pede ajuda à razão, será ainda a revelação que se firmará como critério último e definitivo de verdade no conhecimento.

A fé ambiciona compreender. Tomás de Aquino ensina que a Teologia, embora seja exercício da fé que busca sua inteligência e onde a razão tem lugar assegurado, é, sobretudo, experiência de Deus. Para o pensar teológico, de nada vale uma razão potente e soberba que não reconheça a Fonte de onde emana todo saber e toda verdade.

Como Aquino, tantos outros pensadores pensaram com fé e pensaram a fé. Por exemplo, Newton também dizia: "há um ser inteligente e poderoso que governa todas as coisas, não como a alma do mundo, mas como Senhor do Universo, e, por causa do seu domínio é chamado Senhor Deus, Pantocrator".

Não basta, pois, a razão para que uma sociedade seja justa, solidária e equilibrada. Para que haja equilíbrio na pessoa e na sociedade, é preciso atender, com a razão, à vontade e à sensibilidade. A pessoa e a sociedade devem ter por objetivo procurar o bem, a verdade e a beleza; e isso significa falar de vontade, inteligência e sentimentos, e aí, a verdadeira fé é um guia insubstituível.
Assim, ao desassombro da fé deve corresponder a audácia da razão.


JOÃO BATISTA e MICHELLE MELO (Acadêmicos do curso de Bacharelado em Teologia, pela Faculdade de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas Gamaliel)

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